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domingo, 13 de fevereiro de 2011

Parcerias entre os Setores


Os negócios sociais podem ficar restritos a mais um setor na sociedade ou criar oportunidades mais concretas de parcerias com outros setores para alcançar objetivos que beneficiem a sociedade. Neste blog já comentei sobre a relevância de visualizarmos os negócios sociais como um movimento para reduzir as barreiras entre os setores ao invés da criação de mais um setor.

Hoje pretendo explorar oportunidades de cooperação entre os negócios sociais e os programas sociais do governo. Aqui estou apenas colocando algumas ideias, mas muito mais pode ser desenvolvido a partir da integração dos setores, acredito que as grandes inovações sociais virão justamente dessa mistura de ideias, estruturas e estratégias.

O programa Bolsa Família, por exemplo, embora muito criticado por alguns formadores de opinião, quando analisado mais profundamente verificando diversas pesquisas provou-se bastante efetivo na redução da pobreza, contribuição no investimento em educação e saúde e fomento do desenvolvimento econômico local. A busca atual deve considerar, além da melhoria constante na qualidade e abrangência do programa, mais oportunidades para as pessoas manifestarem seus talentos e participarem do desenvolvimento socioeconômico do país.

Seria possível integrar negócios sociais em estratégias do poder público de promover a inclusão produtiva? O termo inclusão produtiva é o mais comum, mas vejo mais sentido na ideia de criar oportunidades de geração de renda, sejam elas no mercado formal, criando cooperativas, empreendendo negócios ou participando ativamente de organizações da sociedade civil.

Muitos negócios sociais e organizações da sociedade civil têm mostrado grande potencial em contribuir para a inclusão de milhares de pessoas em cadeias produtivas mais justas e sustentáveis. A Tekoha, o ArteSol, a Mundaréu e a Solidarium têm contribuído para a geração de renda em mais de 150 comunidades no Brasil. O Sementes de Paz inclui muitos pequenos produtores numa cadeia de comércio justo de alimentos orgânicos. O Banco Pérola concede crédito a jovens empreendedores em Sorocaba. Essas iniciativas ainda são relativamente pequenas, quando consideramos o número de famílias envolvidas no Bolsa Família (em 2011 deve-se chegar a 13 milhões de famílias), mas outras iniciativas estão emergindo em todo o país.

Com um olhar mais sistêmico podemos identificar várias oportunidades de cooperação entre os negócios sociais e programas sociais. Ao concentrarmos o foco na redução da pobreza e criação de oportunidades de geração e distribuição de riqueza para as pessoas de baixa renda, podemos ir além da separação entre os tipos de organização. As parcerias público-privado ainda foram pouco exploradas e é possível desenvolver essas parcerias não apenas pensando em grandes organizações, mas também em redes de pequenas organizações que contribuem profundamente para o desenvolvimento socioeconômico do país.

Se você conhecer iniciativas de parcerias como essas compartilhe por aqui! Quem quiser conhecer uma organização que está promovendo essas parcerias, visite o site do Instituto Papel Solidário que está fazendo grandes esforços para promover essa integração entre os setores, por exemplo.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Como se envolver com um Negócio Social?


Muitas pessoas têm se interessado pela ideia de negócios sociais. Alguns veem neste movimento um ‘caminho do meio’ entre o segundo e o terceiro setor. Outros acreditam que só dessa forma conseguirão se realizar e gerar um impacto profundo na sociedade, pois o modelo integra os aspectos socioambientais a um modelo economicamente viável. E algumas pessoas são mais céticas ou não entendem muito bem qual é a diferença de um negócio social em relação a um negócio ou a uma organização da sociedade civil.

Estas percepções variadas vão gerar diferentes interações com os negócios sociais. Existem aqueles que decidirão ‘mergulhar de cabeça’ nessa ideia e de fato empreender ou trabalhar num negócio social. Outros procurarão saber mais e interagir com esses novos modelos de negócios. E alguns criticarão a ideia de integrar os aspectos socioambientais a viabilidade econômica, considerando-os incompatíveis.

Com a maior visibilidade do campo no Brasil, agora o objetivo é envolver mais gente nessa rede. Precisamos de mais pessoas trabalhando nos negócios sociais não só em novos modelos, mas também contribuindo para os modelos que já existem. Neste link é possível identificar algumas oportunidades para isso: http://dretrivelli.wordpress.com/oportunidades-para-praticar/, dentre elas uma oportunidade na Tekoha. Também buscamos mais pessoas interessadas em pesquisar, investir, divulgar, questionar e se tornarem clientes de negócios sociais.

Acredito que a melhor forma de começar algo é sempre fazer e experimentar. Antes de criar teorias em torno do que é certo e errado nos negócios sociais ou buscar respostas para os desafios que o campo enfrenta no Brasil e no mundo, passar um dia com um time que esteja empreendendo um negócio social, ajudar num projeto específico ou mesmo trabalhar integralmente para o negócio é a melhor forma de compreender o que existe de novo nessas organizações e os desafios que elas enfrentam no dia-a-dia.

Atualmente, já existem vários tipos de organizações diferentes que apresentam oportunidades para diversos perfis: organizações que trabalham com geração de renda, como a Tekoha; com fundo de investimentos, como o Instituto Ventura, a Vox Capital e a Sitawi; com financiamento para educação, como a Savanza; com colaboração, como o The Hub, que além de São Paulo está começando em Belo Horizonte e Curitiba; com apoio técnico, como a Artemisia e a Quintessa; com cultura, como A Banca e a Feira Preta; com turismo, como a Aoka; com serviços ambientais, alimentos orgânicos, gastronomia, como a Gastromotiva, a Sementes de Paz e a Ecossistemas...Entre muitos outros negócios. Para conhecer mais exemplos visite o site da Artemisia e para se entusiasmar e começar já, veja os primeiros passos da turma do Hub Belo Horizonte, fazendo acontecer!