Onde estão as pessoas que querem transformar o mundo? Que idade elas têm? Elas estão nas ruas? Nas organizações sociais? No governo? Nas empresas sociais? Em grandes empresas? No centro? Nas periferias?
No Impact Hub, nos últimos 8 anos, temos apoiado pessoas com ideias empreendedoras que queiram criar um mundo radicalmente melhor. Embora a maioria das pessoas acredite que quem quer transformar o mundo está nas organizações sociais, vemos que não podemos nos limitar a esse grupo. Existem pessoas que não estão ligadas à nenhuma instituição e estão fazendo a sua parte no seu bairro, existem outras que trabalham no governo, algumas nas grandes empresas, ou atuando como liderança em bairros periféricos.
Na periferia dos grandes centros urbanos, a população inova todos os dias para identificar formas de melhorar a qualidade de vida da sua comunidade. Essas inovações podem ser formas alternativas de construção para baratear o custo da casa própria, o reúso de materiais que outras pessoas descartam ou mesmo novas formas de utilizar a tecnologia e os telefones celulares para agendamento de cabeleireiro e outros fins criados a partir de necessidades locais.
Além dessas inovações do cotidiano, também são criadas soluções com alto potencial de replicabilidade. Um dos melhores exemplos é a moeda social desenvolvida no Banco Palmas, que conseguiu promover o desenvolvimento local, a concessão de crédito e outros serviços financeiros para a população. O sucesso da moeda social no Conjunto Palmeira, na periferia de Fortaleza, atraiu a atenção de muitas pessoas interessadas na tecnologia social desenvolvida. Foi criado o Instituto Palmas para apoiar a replicação de bancos comunitários em todo o país.
Outra iniciativa inovadora é o coletivo Periferia em Movimento que retrata a periferia na voz dos próprios moradores. Jornalistas que se desenvolveram na região questionam a visão e a versão da história da "periferia" contada pelo "centro". Um jornalismo inteligente que demonstra as riquezas e os desafios da periferia. Agora exploram como disseminar essa metodologia para que mais periferias possam contar a sua própria versão.
Esses exemplos, que são alguns entre muitos, desmistificam o termo inovação social que remete à muitas pessoas a necessidade de grandes investimentos. A inovação social emerge da criatividade de quem enfrenta desafios e busca soluções inovadoras e efetivas. Essas pessoas podem estar na periferia, no centro, em organizações sociais, em empresas, no governo.
No Impact Hub, buscamos criar espaços e experiências para integrar essas pessoas inquietas que não se conformam com problemas sociais, ambientais, culturais e com a desigualdade econômica. Elas enxergam oportunidades de mudança, mobilizam-se e mobilizam a sua
comunidade para transformar a realidade. A mistura de várias pessoas, como essas, gera uma comunidade efervescente e tem o poder de cocriar um mundo radicalmente melhor.
Artigo publicado por Henrique Bussacos na Coluna Empreendedor Social da Folha de São Paulo.