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domingo, 17 de outubro de 2010

Um novo setor ou o fim da barreira entre os setores?

Por que criar mais um setor? O setor 2,5 pode ser mais um setor ou acabar com a necessidade de dividir a atuação da sociedade em setores.

Essa pergunta me faz pensar porque começaram a emergir organizações híbridas, que não são nem empresas (ao menos não como as que dominam o mercado atualmente) nem organizações da sociedade civil. A resposta para mim ainda não é clara, mas a minha experiência na Tekoha traz algumas ideias.

Quando começamos a Tekoha, foi porque nem as organizações sociais, nem as empresas e nem o governo estavam conseguindo resolver o escoamento de produtos artesanais de comunidades brasileiras (mas tarde percebemos que este não era um desafio apenas no Brasil). As organizações sociais tinham boas intenções, mas pouco conhecimento de mercado ou mesmo foco nessa atividade. As empresas até gostariam de ajudar, mas seu modelo de negócio não foi desenhado pensando em lidar com uma cadeia produtiva com várias unidades espalhadas pelo país produzindo em pequena escala. O governo tem vários programas para tentar atender essa necessidade, mas pouca agilidade.

A incapacidade dos atuais três setores lidarem com alguns desafios da sociedade acaba gerando mais um setor, ou uma mistura do setor dois e três (conhecido como dois e meio). No entanto, é importante que nos desprendamos da separação por setores e comecemos a pensar no desenho de organizações sob-medida para resolverem os desafios da sociedade atual.

Os negócios sociais criam a oportunidade de nos libertarmos da classificação das organizações em 'caixinhas' e visualizarmos a rede de organizações com características diferentes necessárias para enfrentarem os problemas sociais e ambientais que estamos vivendo.

Ao integrarmos nosso ser econômico e nossas outras dimensões, como frizou o Yunus, temos a oportunidade de agirmos de forma integral na sociedade e construirmos uma realidade menos fragmentada. Os setores são apenas uma forma de classificar as organizações para estudos e políticas, mas não deveriam ser grupos de organizações e pessoas que vivem alienadas ou discutindo umas com as outras. Muito pelo contrário, elas deveriam trabalhar juntas para inovar.

Foi assim que surgiu outro negócio social que estou envolvido o The Hub. Este escritório foi desenhado para integrar os setores e não para criar mais um setor. Por isso quando escrevo sobre negócios sociais estou me referindo a uma mistura que faz sentido para mim e muitas pessoas, um pouco do segundo e do terceiro setor.

Vejo nos negócios sociais uma nova forma de servir e não uma nova forma de fazer negócios, já que o propósito das organizações é enfrentar desafios sociais e ambientais e o negócio é o meio, assim como o lucro. Espero que o setor 2,5 seja mais uma mistura de muitas outras que serão desenvolvidas pela criatividade de muitas pessoas que querem construir uma sociedade melhor para Todos.

2 comentários:

  1. Muito legal o post, Henrique! Ando pensando nessa divisão também mas mais pelo lado do governo e instituições internacionais. O mundo está mudando e as organizações em geral tbm precisam mudar para acompanhar o ritmo...

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  2. E o maior desafio é com o governo e as instituições internacionais mesmo, pois eles tendem a ser grandes e mais burocráticos. Ao desenvolver políticas públicas acabam setorizando bastante a atuação. Seria interessante se essas instituições focassem nos objetivos de cada programa ou política e deixassem em aberto o tipo de organização que pode 'se eleger'.

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