O mundo empresarial está começando a olhar com mais seriedade para os negócios sociais. Depois dos trabalhos pioneiros do Stuart Hart até o Michael Porter está escrevendo sobre valor compartilhado (artigo da Harvard Business Review - http://www.hbrbr.com.br/index.php?codid=368 ). No entanto, a forma de conceituar esta nova onda de inovação ainda conserva alguns vícios empresariais.
A relevância de criar conceitos e publicar artigos em revistas reconhecidas no meio empresarial é indiscutível. Contudo é fundamental que esses novos conceitos sejam fruto de um novo modelo mental e de uma intenção genuína de compartilhar valor com a sociedade. Se o compartilhamento de valor for apenas uma estratégia e não fizer parte do propósito das organizações, não alcançaremos uma transformação profunda e necessária.
Os negócios sociais têm como estratégia e propósito a geração de valor compartilhado. Eles buscam construir junto e redistribuir este valor na cadeia. Ao adotar apenas a estratégia de construir junto, mas continuar oferecendo as maiores fatias da geração de valor para os investidores e/ou executivos das organizações, não alteraremos os níveis de desigualdade atuais.
A discussão sobre distribuir ou não os lucros neste contexto é menos relevante. A principal questão é: qual o propósito do negócio? E como o valor gerado será distribuído entre os públicos de interesse da organização? Se o propósito da organização é reduzir a pobreza e a intenção é fazer uma distribuição de valor que reduza a desigualdade, é bastante estranho que os negócios sociais mantenham o mesmo modelo de distribuição de lucros exclusivamente para os investidores como os negócios tradicionais. As necessidades da sociedade devem guiar este processo e estas escolhas e não o modelo antigo de fazer negócios ou o fato de investidores tentarem aumentar a sua fatia, exigindo cada vez retornos mais altos. Os investidores precisam ser incluídos na organização e estarem alinhados ao propósito do negócio para não ocorrerem conflitos de interesse.
Estamos criando um novo modelo e por isso não existem respostas certas e erradas, mas é fundamental que o propósito e os princípios estejam claros para que os negócios sociais não sejam apenas negócios com estratégias inovadoras de geração de valor compartilhado e deixem de lado a intenção de redistribuir essa geração de valor visando a redução da pobreza e da desigualdade social.
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