Translate

domingo, 26 de dezembro de 2010

Várias estratégias de Desenvolvimento


Alternativas de desenvolvimento para a África, a Ásia e a América Latina estão sempre em discussão. Na última década mais alternativas que utilizam as regras de mercado para reduzir a pobreza começaram a emergir e o maior exemplo concreto dessa tendência é o Grameen Bank. No entanto, as pessoas que divulgam e suportam essa estratégia de criar negócios sociais para reduzir pobreza, muitas vezes têm pouco conhecimento sobre desenvolvimento. As críticas a respeito da ajuda internacional, na maioria das vezes, são genéricas e pouco fundamentadas.

Projetos financiados pela ajuda internacional são diversos, assim como os negócios sociais, alguns são muito eficientes, outros apresentam péssimos resultados. Portanto, para a ideia de negócios sociais contribuir para o desenvolvimento é importante que ela complemente aqueles projetos que são eficientes e que os projetos que não apresentam resultados deixem de desperdiçar dinheiro público. Para isso é necessário que avaliações menos genéricas e mais detalhadas sejam realizadas.
 

Os negócios sociais têm demonstrado um grande potencial par reduzir a pobreza, mas a maioria dos exemplos de negócios sociais bem sucedidos apresentam muitas limitações para reduzir a pobreza extrema. Organizações que perceberam isso como a BRAC em Bangladesh adotaram estratégias por meio de modelos de doação para conseguir trabalhar com as pessoas em pobreza extrema, já que o modelo de negócio social deles não conseguia atender essa população.


Uma qualidade muito especial dos negócios sociais é a capacidade de olhar para o pobreza e ver oportunidades de geração de riqueza, reconhecer que todas as pessoas têm potencial se tiverem oportunidade para expressá-lo. Essa qualidade deve ser transmitida para as outras estratégias de desenvolvimento e ela talvez seja mais importante do que os modelos de negócio em si, pois ela transforma um paradigma nos modelos de desenvolvimento.

Embora eu tenha iniciado negócios sociais e acredite muito no potencial desses negócios para mudarem o mundo, tenho consciência de que nenhum caminho é O único caminho certo. Reconheço as limitações dos negócios sociais. É por isso que precisamos de várias organizações e estratégias diferentes para conseguir erradicar a pobreza e programas de transferência de renda, ONGs que apoiam a educação infantil e negócios sociais, podem e devem trabalhar juntos.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O que você faz de verdade?

[CONTRIBUICAO DA FLAVIA CERRUTI - A Flavia é uma amiga que trabalha na Tekoha e gostaria de compartilhar uma reflexao com todos.]

A cada dia fica mais evidente que carreira profissional e vida pessoal são dois aspectos fundamentais na nossa existência e não podem ser elaborados separadamente. A felicidade e bem-estar de uma pessoa dependem em grande grau da sua ocupação, bem como a mesma é resultado do seu histórico, crenças e escolhas.

No contexto das atuais metrópoles, estamos tão profundamente ligados a nossa profissão que a tomamos como referência: “sou psicólogo, médico, músico; trabalho numa empresa, ONG, banco, etc.” Não se trata apenas de uma apresentação profissional; socialmente, em diversas ocasiões informais, é normal o interesse pelo “o que você faz”.

No entanto, tornou-se tão natural e necessário trabalhar que as pessoas tendem a não refletir sobre o resultado final do seu trabalho. Além do salário e da possibilidade de se sentir pessoalmente realizado, qual a utilidade do seu trabalho?

Passamos a maior parte das nossas vidas trabalhando e toda esta dedicação serve para quê? E para quem? Independente da área de atuação ou nível hierárquico, o que você devolve para sociedade por meio do trabalho? Por que escolheu esta ocupação e não outra? Que diferença faria se você não estivesse no seu trabalho no longo prazo? O que deixaria de acontecer?

Essas perguntas profundas são importantes, pois no dia-a-dia tendemos a ser superficiais...Os negócios sociais são uma tentativa de trazer significado ao trabalho, mas se também for praticado de maneira incosciente ele não mudará nada.

[CONTRIBUICAO DA FLAVIA CERRUTI]

domingo, 19 de dezembro de 2010

A mídia e os negócios sociais


Os negócios sociais são um fenômeno recente no Brasil. A ideia de um setor 2,5 ou de organizações híbridas, que são algo entre os negócios tradicionais e as organizações da sociedade civil começou a tomar forma em 2006 e 2007.

Em 2009 e neste ano a mídia começou a divulgar mais essas iniciativas. No final de 2009, a revista Pequenas Empresas Grandes Negócios fez uma extensa matéria sobre negócios sociais http://alturl.com/jasn5. Outros veículos de comunicação também tentaram fazer matérias sobre negócios sociais. Na Tekoha demos uma entrevista para a Folha de São Paulo, mas a edição da entrevista não passou a ideia central dos negócios sociais de que são organizações com uma missão social e que vêm no modelo de negócio lucrativo a melhor forma de atingir essa missão. Muitos confundem os negócios sociais com a ideia de sustentabilidade nos negócios. Ao meu ver a diferença é que os negócios sociais são criados para resolver um problema social e ambiental e o modelo de negócio lucrativo é apenas a forma encontrada para atingir o objetivo socio-ambiental.

A revista Results On por ser uma publicação mais jovem e focada em empreendedorismo vem acompanhando esse movimento de negócios sociais mais de perto e já publicou algumas reportagens como essa http://alturl.com/6qwm8. Mesmo alguns veículos mais focados no setor empresarial e nas grandes empresas como a Época Negócios, já publicaram matérias sobre negócios sociais, como essa matéria sobre o The Hub http://alturl.com/7ag27.  

Essa semana a Revista Época fez uma matéria sobre a Tekoha (http://alturl.com/4xqif - é preciso ser assinante para acessar), que utilizando a internet, conecta comunidades e consumidores, mas do que isso a ideia central da Tekoha é criar um mercado que inclua as comunidades de forma mais estratégica e que elas possam gerar renda a partir dos seus saberes. É importante que assim como esses jornalistas entenderam o conceito de negócios sociais, mais pessoas da mídia compreendam e disseminem a ideia.

Para os negócios sociais se consolidarem como uma alternativa, uma opção de capitalismo mais inclusivo, humano e sustentável é importante que continuemos divulgando a ideia e aprimorando os negócios que não estão prontos, não temos a resposta, mas estamos num caminho interessante. A única certeza que temos é que o modelo atual não faz sentido. Afinal, qual o significado de levantar todos os dias para aumentar o retorno do acionista da sua empresa? Ou mesmo seu próprio salário? E ao mesmo tempo ter que conviver com problemas sociais e ambientais.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Educação: oportunidades para negócios sociais


Criticar a educação no Brasil é lugar comum. Muito tem sido feito nos últimos anos para ampliar o acesso a educação básica pelo setor público e, mais recentemente, o setor privado investiu de forma bastante agressiva na ampliação do número de vagas em universidades particulares. Os dois movimentos têm algo em comum: crescimento exponencial na quantidade e péssima qualidade.

Agora precisamos de inovações capazes de elevar a qualidade principalmente da educação básica. Existem alguns programas nacionais e estaduais que demonstram que é possível elevar a qualidade do ensino público como apresentado na Economist dessa semana http://www.economist.com/node/17679798?story_id=17679798. Também existem iniciativas interessantes no terceiro setor como alguns processos criados pelo Instituto Ayrton Senna e o Itaú Social, além de vários projetos locais transformando a vida de muitas crianças. O José Bueno, por exemplo, já usou o Aikidô para trabalhar com educação e agora está fazendo alguns pilotos do TinTim (http://zerobueno.blogspot.com/2010/05/pedalada-inovacao.html) buscando uma nova forma de criar experiências de aprendizagens.

Como elevar a qualidade de todas as escolas públicas e das faculdades privadas de todo o país? Essa pode ser uma oportunidade para criar negócios sociais que prestem serviço as escolas e faculdades já existentes ou mesmo que crie novas escolas com novos processos. Na India e mais alguns países no mundo existe um movimento de escolas privadas de baixo custo http://enterprisingschools.com/markets/asia/india. Essa é uma das respostas das empresas sociais a este problema no mundo. No entanto, a questão da qualidade continua sendo o maior desafio. Como podemos inovar na educação? Talvez um novo modelo de organização possa contribuir para gerar mais soluções para este desafio.  Será que precisamos de mais escolas? Existe algum processo de aprendizagem mais efetivo e de baixo custo? Compartilhe suas ideias aqui no blog! Este desafio vale a pena!
 

domingo, 5 de dezembro de 2010

Engajando Todos os Setores


No meu primeiro trabalho acadêmico na área de desenvolvimento escrevi sobre a importância de engajar todos os setores para promover o desenvolvimento socio-economico. Nesta área discute-se muito qual o ator mais relevante, se é a ajuda internacional, as empresas, o governo ou as organizações da sociedade civil.

No meu ponto de vista faltam atores que busquem o consenso, que compreendam as lacunas e criem organizações/projetos/estratégias para preencher esses espaços. Foi assim que emergiu a Tekoha, ao perceber que o governo, as ONGs e as empresas não estavam conseguindo ampliar a geração de renda de Urucureá no Pará, criou-se um negócio social. A Tekoha é uma empresa social e neste caso vem preenchendo esta lacuna, mas o trabalho do Projeto Saúde Alegria, do Projeto Bagagem, do governo e das empresas e da ajuda internacional financiando esses projetos é fundamental para o desenvolvimento da comunidade.

Não existe o melhor ator, mas sim a necessidade desses vários atores trabalharem em conjunto e sempre voltados a servir as necessidades das comunidades e não agendas ocultas. Esse é um dos grandes desafios do desenvolvimento e da redução da pobreza, como engajar os vários atores da sociedade nessa causa? É importante que os atores sejam reconhecidos e que a estratégia conjunta seja focada na melhoria da qualidade de vida das pessoas, mas acomode os interesses de cada ator.

Para alcançar esses resultados é importante utilizar habilidades Políticas visando assegurar que os atores realmente favoreçam o desenvolvimento humano das comunidades. O P maiúsculo é vital, pois essa mesma ação de engajamento pode estar servindo a interesses mesquinhos, como muitas vezes acontece na política local. No entanto, também não adianta ignorar que esses atores possuem seus interesses, o desafio é conciliar esses interesses e manter o desenvolvimento da comunidade como um objetivo maior.

É possível construir relações em que todos ganhem. Quando a Tekoha identificou o nicho de mercado dos brindes sustentáveis, ela encontrou uma forma da comunidade ganhar ao gerar sua própria fonte de renda e as empresas ficarem satisfeitas em dar brindes a clientes, colaboradores e parceiros alinhados a princípios de sustentabilidade.

Um outro exemplo de negócio social que vem engajando vários setores é o KickStart na África que vende bombas de irrigação para pequenos fazendeiros. Eles conseguiram criar uma ‘indústria’ com vários atores empresariais para fabricar e comercializar essas bombas de irrigação, recebem recursos de assistência internacional e mobilizaram atores que trabalham com micro-finanças para financiar a compra dos pequenos fazendeiros. Essa ferramenta aumenta em 500% a produtividade desses pequenos fazendeiros e eles conseguem escapar do ciclo de pobreza.

Estes exemplos estão aumentando e mais oportunidades estão aí, basta não se prender a uma visão única de como podemos melhorar a vida das pessoas e pensar que todos os atores podem contribuir de alguma forma, cada um a seu modo.

Se quiser ler o trabalho completo em inglês clique aqui.