Translate

domingo, 24 de outubro de 2010

Empreendedorismo altruísta?

Na área de desenvolvimento socio-economico encontramos iniciativas que, em geral, podem ser classificadas em duas vias: pró-mercado e pró-estado. Esta definição é simplista, mas passa uma ideia do tipo de estratégias para promover o desenvolvimento numa região ou num país. As estratégias pró-mercado são bastante criticadas por contribuirem para o aumento da desigualdade e, embora gerem ganhos econômicos, na maioria das vezes eles ficam concentrados nas mãos de poucos. Já as estratégias pró-estado costumam gerar um desenvolvimento mais igualitário, mas são duramente criticadas por, involuntariamente, fomentarem a corrupção de governos locais ou nacionais.

Embora na academia seja bastante complicado integrar essas duas vias, podemos ver vários exemplos dessa integração no 'campo'. Vários empreendedores sociais que fomentam uma economia mais justa e estimulam o empreendedorismo por meio de organizações da sociedade civil são exemplos. Outros empreendedores de negócios sociais buscam colocar a lógica de mercado a serviço das pessoas que mais precisam.

O mundo não precisa criar mais riquezas como vinha criando antes e sim redistribuir. Isso é fato agora que saíram as últimas pesquisas mostrando que o maior número de pessoas pobres estão nos países de renda média, principalmente India e China e não mais nos países mais pobres da Africa (embora lá ainda existam muitas pessoas a baixo do nível de pobreza). Este é o desafio para os empreendedores de hoje. Como criar negócios / organizações que redistribuam renda? Como assegurar que as 'novas' riquezas criadas cheguem aos mais pobres?

O Brasil melhorou bastante nos últimos 16 anos, mas ainda temos 10 milhões de pessoas vivendo na linha da pobreza, como podemos mudar isso? Esse é o desafio para o novo governo, a sociedade e os (as) empreendedores (as) que queiram fazer a diferença.

domingo, 17 de outubro de 2010

Um novo setor ou o fim da barreira entre os setores?

Por que criar mais um setor? O setor 2,5 pode ser mais um setor ou acabar com a necessidade de dividir a atuação da sociedade em setores.

Essa pergunta me faz pensar porque começaram a emergir organizações híbridas, que não são nem empresas (ao menos não como as que dominam o mercado atualmente) nem organizações da sociedade civil. A resposta para mim ainda não é clara, mas a minha experiência na Tekoha traz algumas ideias.

Quando começamos a Tekoha, foi porque nem as organizações sociais, nem as empresas e nem o governo estavam conseguindo resolver o escoamento de produtos artesanais de comunidades brasileiras (mas tarde percebemos que este não era um desafio apenas no Brasil). As organizações sociais tinham boas intenções, mas pouco conhecimento de mercado ou mesmo foco nessa atividade. As empresas até gostariam de ajudar, mas seu modelo de negócio não foi desenhado pensando em lidar com uma cadeia produtiva com várias unidades espalhadas pelo país produzindo em pequena escala. O governo tem vários programas para tentar atender essa necessidade, mas pouca agilidade.

A incapacidade dos atuais três setores lidarem com alguns desafios da sociedade acaba gerando mais um setor, ou uma mistura do setor dois e três (conhecido como dois e meio). No entanto, é importante que nos desprendamos da separação por setores e comecemos a pensar no desenho de organizações sob-medida para resolverem os desafios da sociedade atual.

Os negócios sociais criam a oportunidade de nos libertarmos da classificação das organizações em 'caixinhas' e visualizarmos a rede de organizações com características diferentes necessárias para enfrentarem os problemas sociais e ambientais que estamos vivendo.

Ao integrarmos nosso ser econômico e nossas outras dimensões, como frizou o Yunus, temos a oportunidade de agirmos de forma integral na sociedade e construirmos uma realidade menos fragmentada. Os setores são apenas uma forma de classificar as organizações para estudos e políticas, mas não deveriam ser grupos de organizações e pessoas que vivem alienadas ou discutindo umas com as outras. Muito pelo contrário, elas deveriam trabalhar juntas para inovar.

Foi assim que surgiu outro negócio social que estou envolvido o The Hub. Este escritório foi desenhado para integrar os setores e não para criar mais um setor. Por isso quando escrevo sobre negócios sociais estou me referindo a uma mistura que faz sentido para mim e muitas pessoas, um pouco do segundo e do terceiro setor.

Vejo nos negócios sociais uma nova forma de servir e não uma nova forma de fazer negócios, já que o propósito das organizações é enfrentar desafios sociais e ambientais e o negócio é o meio, assim como o lucro. Espero que o setor 2,5 seja mais uma mistura de muitas outras que serão desenvolvidas pela criatividade de muitas pessoas que querem construir uma sociedade melhor para Todos.

domingo, 3 de outubro de 2010

Eleições, Sustentabilidade e Pré-Sal

Hoje é um dia importante para todo o país. As eleições definirão quem serão as pessoas que liderarão o governos nos próximos 4 anos. Espero que cada um vote com muita consciência e sugiro dar uma olhada no site com 10 perguntas feitas por cidadãos para todos os candidatos (as) a presidente - http://www.10perguntas.com.br/

No entanto, é importante relembrarmos que independente do resultado das eleições vários desafios ligados a sustentabilidade devem ser enfrentados. A sustentabilidade é um tema transversal que deve estar presente em todos os ministérios e por isso a pressão popular e a participação como cidadão dos processos democráticos, não só votando, mas durante os mandatos, cobrando seus deputados e senadores para serem seus representantes reais é fundamental.

Um dos pontos relevantes para o próximo governo será o Pré-Sal. Este assunto deve ser muito discutido, pois define caminhos estratégicos para o país e pode tirar a atenção do governo para o desenvolvimento de energias renováveis. Vale a pena assistir o documentário sobre o Pré-Sal disponível no Elo Sustentável. Embora tenha um tom ideológico que deve ser avaliado por cada um, traz informações bastante relevantes sobre com o que estamos lidando de fato.

Independente do interesse em migrarmos para as energias renováveis, haverá um período de transição e o petróleo do Pré-Sal pode ser útil para contribuir nesse processo.