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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Um Novo Olhar para a Geração de Renda

O tema do trabalho e da geração de renda costuma ser abordado com uma perspectiva de escassez de recursos. A premissa é que comunidades de baixa renda tem poucos recursos para melhorar sua qualidade de vida.

O trabalho que realizo na Tekoha e as iniciativas do Instituto Elos trazem uma nova premissa: existe abundância de recursos na comunidade, o desafio é criar uma nova economia com modelos de negócios comunitários que gerem prosperidade e criem um fluxo positivo de riquezas.

A geração de renda deve ser um resultado natural ao empregarmos nosso trabalho e conhecimento em atividades demandadas pelas pessoas da nossa comunidade e da sociedade. O fluxo de renda pode estar bloqueado pela falta de um modelo de negócios que disponibilize nossos talentos para um público que precise dos nossos serviços e possa remunerar o trabalho. Muitas vezes, as comunidades empregam seus talentos em produtos e serviços pouco valorizados (serviço doméstico, panos de prato…), mas esses mesmos talentos (servir com qualidade e trabalhos artísticos) podem ser aplicados para produtos mais valorizados (guia de programas de ecopedagogia e brinquedos artesanais de alto padrão). Essas mudanças podem ser realizadas e já estão ocorrendo em várias comunidades.

Estamos realizando um projeto piloto com a comunidade da Juréia para colocar em prática a ideia da Re-evolução, que faz parte da metodologia do Elos. A intenção é desenvolvermos princípios, metodologias e ferramentas que possam ser úteis para outras comunidades criarem um ciclo de prosperidade. O trabalho é estruturado em três eixos: eixo sociocultural, socioambiental e socioeconômico, o desenvolvimento de cada um desses eixos está gerando conhecimento sobre os ativos da comunidade (conhecimento ambiental, técnicas de manejo sustentável, técnicas artesanais, atrativos para programas de ecopedagogia, entre outros).

A partir desses ativos estão sendo criados negócios comunitários como programas de ecopedagogia para escolas e público geral, marcenaria para confecção de brinquedos infantis de alto padrão, comercialização de madeira certificada, espaço para festas e eventos culturais. Esses negócios serão conectados para explorar as sinergias existentes e criar um ecossistema de negócios que nutrem as relações comunitárias, fortalecem a cultura local e preservam os recursos naturais da região.

Uma iniciativa interessante que pode ser somada ao processo da Juréia, citado acima, é o banco comunitário. Esta tecnologia social desenvolvida pelo Banco Palmas no Ceará demonstra, na prática, como as comunidades têm abundância de muitos recursos, mas muitas vezes o sistema econômico não permite que ela os utilize da melhor forma. Assumindo que as comunidades sempre possuem recursos, mas, muitas vezes, eles não permanecem na comunidade, o banco comunitário cria um sistema que incentiva a realização de gastos e investimentos na própria comunidade. A moeda local também fortalece a identidade da comunidade e eleva a autoestima, além dos benefícios econômicos de manter mais recursos dentro da comunidade.

Para trazer essa reflexão para o nosso dia-a-dia é importante avaliarmos onde estamos investindo os nossos recursos e como podemos beneficiar a redistribuição de renda ao comprarmos, viajarmos e investirmos com mais consciência.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Como os negócios sociais podem contribuir com o desenvolvimento e a erradicação da pobreza no Brasil?



Os negócios sociais buscam em última instância erradicar a pobreza e promover o desenvolvimento. Para buscar esses objetivos é importante primeiramente mapearmos a pobreza e, posteriormente (num próximo post), definirmos desenvolvimento.

A tabela abaixo demonstra que a pobreza está claramente concentrada nas regiões norte e nordeste (ainda mais se medida em relação a população total de cada região). Essa tabela elenca as pessoas com renda per capita de até R$70 (um pouco acima da linha internacional da pobreza que seria US$1.25 ao dia).



Total Pessoas
%
Urbano
Rural

Pessoas
%
Pessoas
%
Brasil
16.267.197
100
8.673.845
53
7.593.352
47
Norte
2.658.452
17
1.158.501
44
1.499.951
56
Nordeste
9.609.803
59
4.560.486
48
5.049.317
52
Sudeste
2.725.532
17
2.144.624
79
580.908
21
Sul
715.961
4
437.346
61
278.615
39
Centro-Oeste
557.449
3
372.888
67
184.561
33
  Fonte: Plano Brasil Sem Miséria

De acordo com estudos que realizamos de negócios sociais na África (principalmente no Quênia) e na Índia, poucos negócios sociais conseguem de fato atingir essa camada mais pobre diretamente. O Kickstart, um negócio social no Quênia (e em outros países do leste Africano), que desenvolve bombas de irrigação para aumentar a produtividade dos pequenos agricultores, não atinge a camada mais pobre da população. Isso não quer dizer que o negócio não contribui para a redução da pobreza, pois ele atinge pessoas muito pobres (mas em sua maioria acima da linha da pobreza internacional) e essas pessoas podem vir a empregar os mais pobres.

Ainda não temos números para avaliar com maior precisão se o mesmo ocorre com os negócios sociais Brasileiros. Para isso, deveria ser feito uma pesquisa junto a essa população mais pobre beneficiada pelos negócios. Pelo que observamos no exterior somado ao mapeamento dos negócios sociais no Brasil, acreditamos que provavelmente a maioria deles deve atingir as pessoas com renda per capita entre R$ 70 e R$ 200. Dificilmente negócios que vendem produtos e serviços (os negócios inclusivos podem atingir um pouco mais essa população) atingem as pessoas abaixo da linha da pobreza, que vivem com menos de R$ 70 hoje, e são 16 milhões de brasileiros.

Esse fenômeno pode se dar por algumas razões. Primeiro, é importante segmentar esta categoria de até 2 salários mínimos, pois este universo compreende muitas diferenças, por exemplo, está nele a população de 16 milhões de brasileiros abaixo da linha da pobreza, mas também pessoas com renda per capita de R$200. Além disso, muitas vezes essas pessoas são excluídas dentro de suas próprias comunidades, que já têm uma renda bastante baixa. Na Tekoha trabalhamos com comunidades de baixa renda e observamos que muitas vezes algumas pessoas dentro das comunidades não têm tantas oportunidades como outras e numa análise mais superficial classificaríamos todas elas num mesmo segmento de população de baixa renda.

Outra dificuldade para os negócios sociais atingirem essa população é que ela se concentra nas regiões norte e nordeste (76% da pobreza extrema) e nessas regiões, principalmente no interior, o Brasil possui baixa densidade populacional, muitas vezes, com acesso bastante limitado. Isso impede a criação de modelos de negócios financeiramente viáveis para vender diretamente a essa população e dificulta a participação dessas pessoas em negócios que buscam incluí-las em sua cadeia produtiva. Esse cenário é diferente na Índia, por exemplo, que possui um volume imensamente maior (em torno de 440 milhões enquanto no Brasil são 16 milhões) de pessoas abaixo da linha da pobreza. Numa visita a negócios sociais na Índia, ficou claro que densidade populacional é um critério fundamental para um negócio viabilizar-se financeiramente em sua região. O volume de vendas é muito relevante para a viabilidade econômica do negócio que opera com margens mais baixas para tornar os produtos/serviços mais acessíveis.

Outro desafio é a capacidade dessa população adquirir os produtos ou serviços. A maioria dos negócios visitados na Índia eram muito pragmáticos, tinham consciência que não conseguiam atender a população mais pobre, pois estes não tinham recursos mínimos para participarem do mercado consumidor, mesmo com produtos mais acessíveis. Este desafio tem duas soluções já bem desenvolvidas, ou o negócio social opera com uma precificação de acordo com a capacidade de compra, por exemplo, oferecendo gratuitamente para aqueles que não conseguem adquirir, como é o caso do “Aravind EyeHospitals”. Negócios social que surgiu na Índia oferecendo cirurgias de catarata num processo extremamente inovador. Outro caminho é o caso de alguns bancos de microcrédito na Índia e Bangladesh que têm desenvolvido programas de proteção social em parceria com o governo para trabalhar de forma não lucrativa com essa parcela mais pobre da população (é o caso da BRAC em Bangladesh). Entre outras soluções viáveis que não onerem o negócio social que são e poderiam ser desenvolvidas.

Para erradicar a pobreza acreditamos que o papel das políticas sociais é fundamental e os negócios sociais podem contribuir no processo criando oportunidades para os próximos passos dessas pessoas, que após terem uma renda mínima precisam de oportunidades para crescer, se desenvolverem e colaborarem no desenvolvimento de suas comunidades.

Acreditamos que o mapeamento de negócios sociais/inclusivos foi um excelente passo rumo a compreender este campo no Brasil. Nos próximos estudos seria interessante pesquisarmos mais sobre o público atendido pelos negócios sociais. Dessa forma, poderemos entender melhor o papel dos negócios sociais no processo de redução da pobreza e promoção da justiça social e do desenvolvimento sustentável no país. 

Escrito por Carolina de Andrade (@andradecarol) e Henrique Bussacos (@hbussacos)

domingo, 24 de julho de 2011

Apoio a Negócios Sociais, quais modelos fazem a diferença?


Por Carolina de Andrade (twitter: @andradecarol


Tenho pesquisado sobre modelos mais eficientes de apoio a negócios sociais entre outros. Minha experiência profissional apoiando negócios sociais, além da consultoria que realizei para um projeto do governo inglês inspiraram algumas ideias que compartilho neste post. O projeto do governo, “Times de Inovação e Crescimento”, reúne cinco organizações, entre elas incubadoras e redes de “peer-2-peer”, que oferecem apoio a negócios.

No meu mestrado em inovação estudei sobre modelos de inovação. A primeira proposta era linear, impulsionada pela ciência e tecnologia, e que hoje já foi comprovada ser muito simplista, uma generalização de um modelo “Causal” aplicado para um número reduzido de inovações. Este modelo ignora os inúmeros feedbacks do processo, e principalmente o fato de que na maioria das vezes a inovação ou tecnologia acontece antes de ser explicada cientificamente.

Antes de prosseguir, isso não significa que este modelo linear, que foi o berço dos estudos de inovação deve ser completamente desqualificado, pois não apenas a partir dele os modelos mais apropriados foram identificados, como ainda oferece um grande benefício de organização de ideias e de treinamento de pessoas.

Os modelos de inovação mais recentes são os baseados na demanda e necessidade da sociedade (criado por Jacob Schmookler) e circular co-evolucionário que prevê feedbacks no processo todo. Estas teorias vão ao encontro da teoria de empreendedorismo de Sarasvathy denominada “effectuation”, que é uma oposição ao modelo causal linear de planejamento. Segunda ela, empreendedores de sucesso são menos “causais” e tendem a formar alianças e parcerias de sucesso, criando novos mercados que exigem menos ferramentas tradicionais para penetrar. Vale a pena aprofundamento em suas ideias inovadoras.

Apesar de já existir esta consciência em relação aos modelos de inovação em vários níveis da sociedade, persistimos em reproduzir modelos lineares de apoio a empreendedorismo e crescimento de negócios, acreditando que intervenções planejadas em etapas conduzirão negócios ao sucesso em etapas. O “powerpoint” aceita (quase) tudo que queremos criar, mas na prática isso nem sempre é concretizado. Precisamos revisar estes modelos de apoio ao negócios urgentemente, seja em forma de incubadoras, aceleradoras, políticas públicas, ensino universitário ou outras formas.

Um dos principais insights que tive relacionado ao sucesso e fracasso dos negócios é baseado na importância dos empreendedores em ter agilidade para perceber e mudar o modelo do negócio. Segundo estudos, um novo negócio muda cerca de três vezes de modelo até definir aquele que dá certo. Isso ocorre justamente porque existe uma distância entre planejar e realizar. Estar atento a esta diferença é fundamental. Não tenho dúvida que a razão de muitos negócios se arrastarem anos sem alcançar lucratividade ou de morrerem rapidamente é devido a falta desta agilidade.

Esta capacidade de mudança a partir do feedback dos clientes e do mercado pode ser incorporado em novos modelos de apoio a negócio, se estes não são lineares e preveem momentos de assimilar e inovar com os feedbacks. Levando também em consideração que cada negócio é diferente, ou seja, eles podem ou não obedecer "etapas" pré-estabelecidas.

Dessa forma, eu acredito que não existe uma fórmula ou receita de modelos de apoio a negócios a ser seguida, pois eles são diferentes entre si em várias dimensões: tamanho, tempo, indústria, contexto, etc.

Por outro lado, acredito que alguns modelos podem oferecer aprendizados e princípios para inspiração. Entre algumas iniciativas que têm demonstrado bons resultados, está um modelo de apoio intensivo por curto período de tempo, chamado programa de aceleração. Este modelo tem alguns princípios interessantes para inspirar outras organizações, como flexibilidade para apoiar o negócio de formas diferentes respeitando a diversidade de necessidades, muito networking e apresentação para parceiros de sucesso, apresentação para uma rede de pares, que é fundamental para aumentar sua capacidade de apoio (os negócios podem contar com os pares e não apenas com sua ajuda), e finalmente, mudar o modelo mental de apoio por tempo ilimitado que pode causar problemas de dependência e paternalismo.

No entanto, mesmo as aceleradoras não escapam muitas vezes de cair num modelo linear. Por que isso acontece? Acredito que uma razão para a dificuldade de inovar mais radicalmente nos modelos de apoio a negócios (como para qualquer inovação radical) é que a sociedade tende a coletivamente eleger os modelos de sucesso (processo de difusão) e se aprisionar aos formatos selecionados. Este é um fenômeno estudado por Perez Freeman entre outros pesquisadores de inovação.

Como ser uma plataforma de inovação para "negócios"? Eu começaria optando por modelos mais circulares, interativos, e de curto prazo, utilizando a visão de Sarasvathy e princípios inspirados nos programas de aceleração no mundo, depois de conhecer profundamente quais são os "gargalos" neste tema no seu contexto. E "qual o modelo econômico do seu apoio a novos negócios?" Este é outro debate, que discutirei posteriormente, junto a outros aprendizados que desafiaram minhas crenças neste tema no último ano.

Por Carolina de Andrade (twitter: @andradecarol)

terça-feira, 14 de junho de 2011

Fundos de Investimento de Impacto


Durante o SOCAP Europa a Avina organizou uma apresentação de fundos de investimento de impacto com o apoio da Toniic e da Alphamundi. Nesta sessão alguns gestores de fundos falaram  um pouco da sua proposta e do foco de seus investimentos.

Alberto Riaño apresentou o Inversor, fundo de investimento de impacto na Colômbia. Este fundo é apoiado por diversos parceiros locais como a própria Avina, o JP Morgan e a McKinsey. Eles possuem 20 milhões de dólares para investir e investem em torno de 0,5 a 1 milhão por negócio. Investem em agricultura, saúde, moradia entre outros. Um investimento que realizarão agora será em instalações turísticas na região de La Guajira, que apresenta grande potencial turístico e muitas pessoas com baixa renda. (www.inversor.org.co)

Daniel Izzo comentou sobre a estratégia de investimento da Vox Capital no Brasil que busca soluções de mercado que atendam a base da pirâmide. Um dos investimentos da Vox é a CDI Lan, que consiste num canal de distribuição de serviços para a base da pirâmide via lan houses. Uma iniciativa do CDI Lan é a Corban que distribuirá serviços financeiros por meio das lan houses. O fundo está captando 40 milhões de dólares e busca investimentos entre dois e três milhões. (www.voxcapital.com.br)

O Jorge Del Castillo descreveu o histórico e as perspectivas do Pymecapital que atua na América Latina. Este fundo possui 5,6 milhões de dólares e busca negócios de 0,2 a 1 milhão. O Pymecapital é voltado para pequenas e médias empresas que gerem impacto social e tenham potencial de crescimento rápido. (www.pymecapital.org)

Leonardo Letelier apresentou a Sitawi que realiza empréstimos com juros abaixo do mercado para negócios sociais e organizações sociais com capacidade de pagamento. Ele mostrou que tem obtido ótimos resultados, todos os seus clientes retornaram o pagamento a Sitawi. A Sitawi busca doações de investidores e a partir do seu fundo ela realiza empréstimos para várias iniciativas com o mesmo recurso. A Tekoha e a Solidarium, por exemplo, já utilizaram os serviços da Sitawi no Brasil. Atualmente ele precisa captar mais investimentos pois todo o fundo já está emprestado e existem vários negócios aguardando para receber empréstimos. O caso da Sitawi é o oposto dos outros fundos, como os recursos são captados como doação, ele tem mais dificuldades de captar. No entanto, os negócios sociais parecem procurar mais o tipo de serviço da Sitawi do que dos outros fundos que têm maior dificuldade em identificar negócios para investir. (www.sitawi.net)

Um novo fundo de investimento de impacto foi apresentado pelo Marcus Regueira, o First Impact Investing. Eles parecem possuir mais experiência em investimentos de venture capital convencionais e estão iniciando um maior contato com a área social. Possuem 125 milhões de dólares para investir e têm interesse em negócios de até 25 milhões. Também estão focados em negócios que atendam a base da pirâmide. (www.institutohr.org.br)

O fato mais marcante ao ouvir os relatos dos fundos é que existem mais recursos disponíveis do que negócios capazes de atender aos requisitos de elevados retornos financeiros integrados a alto impacto social. Vejo dois pontos importantes a serem trabalhados, um é o modelo de apoio de incubadoras e parceiros de negócios sociais para gerar um maior volume de negócios. O outro ponto é a reflexão por parte dos fundos sobre seus modelos de negócio. A maioria dos fundos não apresenta um modelo de financiamento com inovações relevantes em relação aos fundos já existentes no mercado e isso talvez não atenda as necessidades dos negócios sociais. É importante refletirmos que o sistema de financiamento deveria ser desenhado em função da necessidades da base (bottom-up) e não olhando somente para as necessidades dos investidores (top-down).

segunda-feira, 6 de junho de 2011

SOCAP Europa


O SOCAP (Social Capital Markets) Europa aconteceu entre os dias 30 de maio e 1 de junho em Amsterdã. A conferência teve seus pontos altos com a apresentação de alguns fundos de investimento de impacto que estão atuando na América Latina (detalhes no próximo post) e a oportunidade de fazer contatos com várias pessoas atuando no setor de negócios sociais no mundo.

O primeiro SOCAP ocorreu nos Estados Unidos em 2008. Em 2009 e 2010 os eventos foram realizados no mesmo país e em 2011 a primeira edição fora dos Estados Unidos ocorreu na Holanda. A intenção do SOCAP é direcionar recursos para gerarem impacto social positivo, portanto eles procuram conectar investidores a fundos e negócios sociais.

Talvez a maior presença tenha sido a ausência de empreendedores. Haviam poucos empreendedores de negócios sociais no evento, provavelmente em função do local e do valor da inscrição. Os empreendedores dos Hubs foram uma exceção já que existe uma parceira entre os organizadores do SOCAP e a rede de Hubs no mundo. Vários atores do mercado de negócios sociais estavam presentes: fundos de venture capital e de financiamento (como a Vox Capital e a Sitawi do Brasil), incubadoras e redes (Unlimited e The Hub) e muitos fundos de investimento de impacto.

Aparentemente existe um volume de recursos financeiros destinados a investimento de impacto muito maior do que negócios sociais que atendam os requisitos desses fundos, como retorno agressivo e alto impacto social. Já para fundos de financiamento, como a Sitawi, que capta recursos como doações e realiza empréstimos para negócios sociais no Brasil, o gargalo é o volume de recursos, pois existem muitos negócios sociais precisando de empréstimos para realizar investimentos.

Durante a conferência fiquei entusiasmado por ver a quantidade de atores interessados em atuar no mercado de negócios sociais, mas muito reticente com relação a real intenção desses novos atores. Acredito que a intenção seja muito relevante, pois existem e existirão escolhas (“trade-offs”) a serem feitas e se a intenção não for promover o desenvolvimento e a melhoria da qualidade de vida, os mecanismos de mercado que deveriam ser ferramentas se tornam o objetivo principal. Um ponto ficou claro, o mercado está crescendo e com isso novos desafios estão emergindo.


Farei mais alguns posts sobre o SOCAP abordando assuntos específicos, como: fundos de financiamento para negócios sociais e mensuração de impacto social.

domingo, 1 de maio de 2011

Governança dos Negócios Sociais


Quando o movimento de negócios sociais começou de forma mais concreta no Brasil em 2006/2007, discutia-se muito os modelos de governança das organizações. Com a dificuldade de viabilizar financeiramente as empresas sociais essa discussão ficou em segundo plano. Uma decisão inteligente, pois não era muito útil colocar vários critérios para reconhecer uma organização como negócio social se ela fosse existir apenas  por um ou dois anos. A Artemisia acompanhou este processo com vários dos empreendimentos apoiados.

No entanto, com a evolução das empresas sociais a governança volta a ser relevante. Um modelo de governança adequado contribui para o negócio não perder o foco no impacto socioambiental. O desafio é que o modelo de governança não depende da vontade de uma ou duas pessoas. A governança é determinada pelas relações de poder entre os públicos de interesse e isso é um processo dinâmico que deve ser pensado e construído desde o início da organização (mesmo não sendo o foco nos primeiros anos). A governança compreende os processos, as políticas e a estrutura de tomada de decisão de uma instituição.

Os modelos disponíveis no mercado para pensar em governança são muito limitados. Mesmo quando buscam envolver mais os outros públicos de interesse, as relações entre eles ainda são presas em paradigmas antigos, como a ideia de que os investidores devem ter mais poder. A Natura é um exemplo de uma empresa que procura criar relações diferenciadas com seus públicos, entretanto pelo tamanho e cultura da organização é muito difícil implementar um modelo mais participativo.

Os negócios sociais têm a oportunidade de criar modelos mais ousados de governança, pois já nascem com um novo DNA ligado a valores de co-criação, colaboração e participação. Mesmo que no início a organização foque em viabilizar sua operação financeiramente é importante começar a desenvolver um modelo de governança, pois isso no futuro pode ser decisivo para a continuação da empresa. Mais uma vez, o desafio dos negócios sociais é criar um paradigma mais equilibrado, que não seja lento e complicado como algumas associações, nem autoritário e desigual como algumas empresas. A equação é desenvolver uma governança participativa com uma gestão ágil, que entregue os resultados socioambientais prometidos.

Definitivamente, não é uma tarefa fácil. Na Tekoha temos tentado construir esse modelo e continuamos com muitos desafios (é bom lembrar que mesmo as organizações com o modelo “padrão” de governança estão com muitos problemas). Atualmente nos organizamos nos seguintes grupos: (i) as comunidades que são os fornecedores da Tekoha (cooperar com essas comunidades é a razão de ser da Tekoha); (ii) os clientes formado por pessoas físicas (varejo) e médias e grandes empresas (atacado); (iii) os colaboradores que operam e gerenciam a organização com autonomia; (iv) os sócios, grupo formado por colaboradores ou ex-colaboradores da organização; (v) o conselho consultivo, formado por experts em áreas relevantes para a Tekoha; e (vi) o conselho dos investidores que têm participação nos resultados de longo prazo da empresa (mas sem poder deliberativo). Desde o início tentamos implementar vários modelos participativos e a maioria falhou, mas continuamos buscando forma inovadoras de fazer a governança e a gestão da organização. Acreditamos que a busca por um modelo novo, já cria uma cultura diferente e mais participativa. Um sonho que temos é envolver algumas comunidades no nosso conselho ou criar um conselho das comunidades. No início isso parecia impensável, mas agora começamos a criar estruturas e parcerias que podem nos ajudar a implementar esse modelo no futuro.

No The Hub Internacional passamos por várias mudanças até chegar em uma estrutura mais participativa. Atualmente existe uma associação formada por todos os Hubs no mundo (20+) que é controladora de uma empresa que atua como “franqueadora” dos Hubs, prestando serviços, criando processos e facilitando a cooperação entre os Hubs. Dessa forma invertemos a lógica e os “franqueados” passaram a ser donos e controlar o “franqueador”. Estou usando estes termos franqueado e franqueador como referência, mas acreditamos que o modelo que estamos criando é novo e com isso novos nomes surgirão no futuro.

Não acredito numa resposta pronta ou um modelo a ser replicado. O desafio é criar modelos de governança e gestão ágeis que potencializem a participação de todos os públicos de interesse e estejam focados na geração de impacto socioambiental positivo.

Você conhece mais modelos de governança em negócios sociais? Compartilhe por aqui nos comentários.

sábado, 12 de março de 2011

Negócios Sociais no Mundo

O programa Mundo SA da Globo News realizou uma matéria recente sobre os negócios sociais no Reino Unido. Realmente os negócios sociais evoluíram bastante no Reino Unido, principalmente em relação a infraestrutura e marco legal. Algumas lições podem ser úteis ao Brasil, mas a realidade brasileira exige não só modelos de negócios diferentes, mas fundamentalmente, negócios sociais que resolvam os desafios socioambientais do país.

Pode-se argumentar que assim como os negócios convencionais foram disseminados como franquias os negócios sociais também podem ser replicados. Isso realmente pode ocorrer com alguns modelos de negócios sociais. Estamos tendo esta experiência com o The Hub que começou em Londres em 2005/6 e hoje está em mais de 20 países. No entanto, o modelo tem sido adaptado para a realidade local e a governança global funciona com um sistema diferente da relação franqueador-franqueado. Muitos negócios sociais questionam as relações de poder entre os públicos de interesse (investidores, gestores, clientes, fornecedores) e isso se reflete na governança do negócio.

Na próxima semana teremos um encontro envolvendo todos os Hubs da rede internacional para discutirmos e aperfeiçoarmos o modelo de governança global, é um processo de aprendizado bastante criativo. Existem poucas referências de redes de negócios sociais no mundo e buscamos construir um modelo que reflita a identidade da organização e ao mesmo tempo seja ágil e eficiente.

Os negócios sociais do Reino Unido, em particular de Londres, podem contribuir bastante para a criação de negócios na área urbana de grandes cidades brasileiras. No entanto, quando pensamos na periferia dos centros urbanos, a Índia pode contribuir com mais ideias e modelos, já que a realidade é mais próxima do Brasil. Da mesma forma o Brasil pode contribuir com suas ideias para inspirar mais negócios sociais em outros países.

Os negócios sociais demonstraram que é possível fazer negócios de uma forma diferente. Agora existe a oportunidade de criar novos modelos de expansão e governança que demonstrem formas alternativas de expandir e co-criar redes de negócios que tenham ganho de escala sem perder a qualidade das relações. Essas relações locais dependem do envolvimento e do poder dos gestores de cada unidade de negócio para alterar regras, customizar os produtos e serviços em função das necessidades e diferenças no contexto em que atua. Em suma estamos falando de um negócio mais democrático, um sistema que redistribui mais o poder entre os públicos de interesse.

Continuarei compartilhando por aqui minhas dúvidas e aprendizados nesse processo e novas ideias são sempre bem vindas!

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Parcerias entre os Setores


Os negócios sociais podem ficar restritos a mais um setor na sociedade ou criar oportunidades mais concretas de parcerias com outros setores para alcançar objetivos que beneficiem a sociedade. Neste blog já comentei sobre a relevância de visualizarmos os negócios sociais como um movimento para reduzir as barreiras entre os setores ao invés da criação de mais um setor.

Hoje pretendo explorar oportunidades de cooperação entre os negócios sociais e os programas sociais do governo. Aqui estou apenas colocando algumas ideias, mas muito mais pode ser desenvolvido a partir da integração dos setores, acredito que as grandes inovações sociais virão justamente dessa mistura de ideias, estruturas e estratégias.

O programa Bolsa Família, por exemplo, embora muito criticado por alguns formadores de opinião, quando analisado mais profundamente verificando diversas pesquisas provou-se bastante efetivo na redução da pobreza, contribuição no investimento em educação e saúde e fomento do desenvolvimento econômico local. A busca atual deve considerar, além da melhoria constante na qualidade e abrangência do programa, mais oportunidades para as pessoas manifestarem seus talentos e participarem do desenvolvimento socioeconômico do país.

Seria possível integrar negócios sociais em estratégias do poder público de promover a inclusão produtiva? O termo inclusão produtiva é o mais comum, mas vejo mais sentido na ideia de criar oportunidades de geração de renda, sejam elas no mercado formal, criando cooperativas, empreendendo negócios ou participando ativamente de organizações da sociedade civil.

Muitos negócios sociais e organizações da sociedade civil têm mostrado grande potencial em contribuir para a inclusão de milhares de pessoas em cadeias produtivas mais justas e sustentáveis. A Tekoha, o ArteSol, a Mundaréu e a Solidarium têm contribuído para a geração de renda em mais de 150 comunidades no Brasil. O Sementes de Paz inclui muitos pequenos produtores numa cadeia de comércio justo de alimentos orgânicos. O Banco Pérola concede crédito a jovens empreendedores em Sorocaba. Essas iniciativas ainda são relativamente pequenas, quando consideramos o número de famílias envolvidas no Bolsa Família (em 2011 deve-se chegar a 13 milhões de famílias), mas outras iniciativas estão emergindo em todo o país.

Com um olhar mais sistêmico podemos identificar várias oportunidades de cooperação entre os negócios sociais e programas sociais. Ao concentrarmos o foco na redução da pobreza e criação de oportunidades de geração e distribuição de riqueza para as pessoas de baixa renda, podemos ir além da separação entre os tipos de organização. As parcerias público-privado ainda foram pouco exploradas e é possível desenvolver essas parcerias não apenas pensando em grandes organizações, mas também em redes de pequenas organizações que contribuem profundamente para o desenvolvimento socioeconômico do país.

Se você conhecer iniciativas de parcerias como essas compartilhe por aqui! Quem quiser conhecer uma organização que está promovendo essas parcerias, visite o site do Instituto Papel Solidário que está fazendo grandes esforços para promover essa integração entre os setores, por exemplo.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Como se envolver com um Negócio Social?


Muitas pessoas têm se interessado pela ideia de negócios sociais. Alguns veem neste movimento um ‘caminho do meio’ entre o segundo e o terceiro setor. Outros acreditam que só dessa forma conseguirão se realizar e gerar um impacto profundo na sociedade, pois o modelo integra os aspectos socioambientais a um modelo economicamente viável. E algumas pessoas são mais céticas ou não entendem muito bem qual é a diferença de um negócio social em relação a um negócio ou a uma organização da sociedade civil.

Estas percepções variadas vão gerar diferentes interações com os negócios sociais. Existem aqueles que decidirão ‘mergulhar de cabeça’ nessa ideia e de fato empreender ou trabalhar num negócio social. Outros procurarão saber mais e interagir com esses novos modelos de negócios. E alguns criticarão a ideia de integrar os aspectos socioambientais a viabilidade econômica, considerando-os incompatíveis.

Com a maior visibilidade do campo no Brasil, agora o objetivo é envolver mais gente nessa rede. Precisamos de mais pessoas trabalhando nos negócios sociais não só em novos modelos, mas também contribuindo para os modelos que já existem. Neste link é possível identificar algumas oportunidades para isso: http://dretrivelli.wordpress.com/oportunidades-para-praticar/, dentre elas uma oportunidade na Tekoha. Também buscamos mais pessoas interessadas em pesquisar, investir, divulgar, questionar e se tornarem clientes de negócios sociais.

Acredito que a melhor forma de começar algo é sempre fazer e experimentar. Antes de criar teorias em torno do que é certo e errado nos negócios sociais ou buscar respostas para os desafios que o campo enfrenta no Brasil e no mundo, passar um dia com um time que esteja empreendendo um negócio social, ajudar num projeto específico ou mesmo trabalhar integralmente para o negócio é a melhor forma de compreender o que existe de novo nessas organizações e os desafios que elas enfrentam no dia-a-dia.

Atualmente, já existem vários tipos de organizações diferentes que apresentam oportunidades para diversos perfis: organizações que trabalham com geração de renda, como a Tekoha; com fundo de investimentos, como o Instituto Ventura, a Vox Capital e a Sitawi; com financiamento para educação, como a Savanza; com colaboração, como o The Hub, que além de São Paulo está começando em Belo Horizonte e Curitiba; com apoio técnico, como a Artemisia e a Quintessa; com cultura, como A Banca e a Feira Preta; com turismo, como a Aoka; com serviços ambientais, alimentos orgânicos, gastronomia, como a Gastromotiva, a Sementes de Paz e a Ecossistemas...Entre muitos outros negócios. Para conhecer mais exemplos visite o site da Artemisia e para se entusiasmar e começar já, veja os primeiros passos da turma do Hub Belo Horizonte, fazendo acontecer!



domingo, 30 de janeiro de 2011

Negócios Sociais e Investidores


Em que fase estão os negócios sociais no Brasil? Qual o perfil de investidores interessados nesses negócios? E qual o perfil de investidor que os negócios sociais realmente precisam neste momento? Embora existam cada vez mais investidores interessados nos negócios sociais, não existem tantas oportunidades concretas de investimento.

Este campo ainda precisa de investidores interessados em fomentar os negócios sociais no país. A busca é por investidores visionários interessados em co-criar organizações capazes de gerar alto impacto social com possibilidades de retorno financeiro. A atração de investidores interessados fundamentalmente no retorno financeiro pode criar problemas em modelos de negócios pouco maduros.

Acredito que uma das mudanças que os negócios sociais podem trazer para os negócios é a transformação das relações de poder entre os públicos de interesse. Se os negócios sociais são criados para servir as pessoas de baixa renda, não deveríamos inverter as relações de poder? As necessidades dessas pessoas tornam-se oportunidades para a criação de organizações capazes de atende-las que por sua vez são oportunidades para investidores. Parece óbvio, mas na maioria das vezes as relações não ocorrem dessa forma. Se os investidores direcionarem os modelos de negócios e esses impuserem uma lógica sobre a comunidade, o impacto social poderá até ocorrer em alguns casos, mas estará sempre em segundo plano.

Considero que o início dos negócios sociais no Brasil se deu em 2006/2007 com modelos de organizações que se posicionaram com mais clareza como uma organização híbrida. Pelo que tenho vivenciado, participando de alguns negócios sociais e conversando com outros empreendedores, acredito que em mais dois ou três anos teremos organizações mais maduras capazes de envolver investimentos maiores com retorno financeiro mais concreto (seja para pagar os investidores ou para reinvestir no negócio e nas comunidades).

A Vox Capital, o Instituto Ventura e a Sitawi criaram três tipos de financiamento diferentes para negócios sociais e estão evoluindo com o desenvolvimento do campo no Brasil. As três organizações trabalham com modelos de investimento que integram retorno financeiro. A única organização que investia sem necessidade de retorno financeiro no Brasil era a Artemisia que agora não realiza mais esses investimentos.

Se existem financiamentos não reembolsáveis para pequenas empresas de tecnologia, por que não oferecer esse tipo de financiamento para negócios sociais? Mesmo em países onde os negócios sociais já estão mais desenvolvidos existem fundos de fomento, como a Fundação Bill e Melida Gates, a Fundação Shell entre outras. Na Inglaterra, por exemplo, o governo tem fundos de investimento não reembolsáveis para negócios sociais, pois esses negócios geram externalidades positivas para a sociedade. Faltam fundações privadas e governamentais interessadas em fomentar o campo de negócios sociais no Brasil, isso poderá levar o campo para um novo patamar. Essas fundações criariam um ‘pipeline’ para a Vox Capital, o Instituto Ventura, a Sitawi, para novos fundos a serem criados e investidores independentes. 

domingo, 23 de janeiro de 2011

Valor Compartilhado: moda empresarial ou mudança profunda no propósito das empresas?


O mundo empresarial está começando a olhar com mais seriedade para os negócios sociais. Depois dos trabalhos pioneiros do Stuart Hart até o Michael Porter está escrevendo sobre valor compartilhado (artigo da Harvard Business Review - http://www.hbrbr.com.br/index.php?codid=368 ). No entanto, a forma de conceituar esta nova onda de inovação ainda conserva alguns vícios empresariais.

A relevância de criar conceitos e publicar artigos em revistas reconhecidas no meio empresarial é indiscutível. Contudo é fundamental que esses novos conceitos sejam fruto de um novo modelo mental e de uma intenção genuína de compartilhar valor com a sociedade. Se o compartilhamento de valor for apenas uma estratégia e não fizer parte do propósito das organizações, não alcançaremos uma transformação profunda e necessária.

Os negócios sociais têm como estratégia e propósito a geração de valor compartilhado. Eles buscam construir junto e redistribuir este valor na cadeia. Ao adotar apenas a estratégia de construir junto, mas continuar oferecendo as maiores fatias da geração de valor para os investidores e/ou executivos das organizações, não alteraremos os níveis de desigualdade atuais.

A discussão sobre distribuir ou não os lucros neste contexto é menos relevante. A principal questão é: qual o propósito do negócio? E como o valor gerado será distribuído entre os públicos de interesse da organização? Se o propósito da organização é reduzir a pobreza e a intenção é fazer uma distribuição de valor que reduza a desigualdade, é bastante estranho que os negócios sociais mantenham o mesmo modelo de distribuição de lucros exclusivamente para os investidores como os negócios tradicionais. As necessidades da sociedade devem guiar este processo e estas escolhas e não o modelo antigo de fazer negócios ou o fato de investidores tentarem aumentar a sua fatia, exigindo cada vez retornos mais altos. Os investidores precisam ser incluídos na organização e estarem alinhados ao propósito do negócio para não ocorrerem conflitos de interesse.

Estamos criando um novo modelo e por isso não existem respostas certas e erradas, mas é fundamental que o propósito e os princípios estejam claros para que os negócios sociais não sejam apenas negócios com estratégias inovadoras de geração de valor compartilhado e deixem de lado a intenção de redistribuir essa geração de valor visando a redução da pobreza e da desigualdade social.