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sábado, 10 de julho de 2010

Ampliando a visão do indivíduo para a comunidade

Estou apoiando a capacitação de um grupo de costureiras em São Bernardo do Campo. Este grupo como muitas das comunidades parceiras da Tekoha trabalham com lógicas econômicas diferentes das empresas "convencionais".

Nosso modelo socio-economico é baseado na meritocracia e na competição. Nada contra o modelo, em princípio, mas ao trabalhar de perto com comunidades fico me questionando, qual o destino de algumas pessoas com capacidade motora e de raciocínio menores do que de outras? Para onde uma pessoa que não consegue se adequar a uma cooperativa oriunda de um projeto social poderá ir?

Quando esse assunto é dialogado em teoria, é fácil dizer, que cada pessoa tem um talento e que deve encontrar seus talentos e aplicá-los a serviço da sociedade. No entanto, muitas vezes essas pessoas tiveram experiências de vida traumáticas que reduziram sua capacidade de lidar com as emoções e com a razão. Por isso, acredito que cada comunidade, cada grupo deve encontrar sua vocação e acolher alguns indíviduos que podem não ser os mais produtivos, mas o seu valor não se limita a sua capacidade produtiva, ele como indíviduo tem valor intrínseco. A compaixão e a solidariedade das pessoas desses grupos devem fazer parte do nosso modelo economico, são valores essenciais para construirmos uma sociedade ética, que não exclui.

Essa visão do coletivo permite que mesmo as pessoas que tiveram menos oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional sejam incluídas na nossa sociedade e num modelo socio-economico-político. Quando reduzimos nossa visão para o indíviduo, limitamos nossa capacidade de incluir as pessoas, pois eles, sozinhos, não têm o apoio necessário para fazer parte do sistema. Entretanto, ao pensarmos em comunidades podemos contribuir com uma sociedade realmente inclusiva.

Modelos de desenvolvimento que excluam não são sustentáveis, pois terão elementos externos a ele que vão se manifestar mais cedo ou mais tarde. Precisamos de modelos de desenvolvimento que incluam todos os indíviduos, a natureza por mais complexos que eles fiquem. Temos que aprender a lidar com essa complexidade.

De quais comunidades você faz parte? Quem está sendo excluído e poderia ser incluído? Pode ser no nosso bairro, no grupo de amigos, nas nossas famílias...Não está aí uma das raízes de uma sociedade mais justa e sustentável?

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